mauricioaraya.com · Blog do Maurício Araya<p><strong>Fenômeno dos bebês reborn levanta debates sobre os limites entre afeto, fantasia e saúde mental</strong></p><p>Eles têm peso, textura e feições que imitam um recém-nascido. Os bebês <em>reborn</em>, bonecas hiper-realistas que reproduzem bebês humanos, vêm ganhando popularidade entre adultos, principalmente entre mulheres, e despertam tanto fascínio quanto polêmica. O fenômeno vem desafiando fronteiras entre realidade e representação, exigindo um olhar atento às motivações psicológicas envolvidas.</p><p>Segundo a psicóloga Valéria Figueiredo, docente do curso de psicologia da Estácio, é preciso entender o contexto em que a busca pelo hiper-real se intensifica. “Na era do imaginário, onde a imagem ganha o centro do capitalismo, precisamos nos perguntar: o que é real?”, provoca. Para ela, vivemos uma ‘inflação semiótica’, marcada por símbolos descolados de significados concretos. É nesse cenário que os bebês <em>reborn</em> ocupam espaço: “O real perde espaço para o hiper-real”.</p><p>Valéria explica que, do ponto de vista psicológico, o apego a esses bonecos pode ter várias camadas de significado. Uma delas está ligada ao instinto de cuidado. “Para mulheres que não puderam ter filhos, vivenciaram perdas gestacionais ou estão lidando com a síndrome do ninho vazio, o bebê <em>reborn</em> pode funcionar como uma forma simbólica de expressão do maternar”, afirma. Ao simular os gestos cotidianos de cuidado, como dar colo, vestir, alimentar, essas mulheres podem encontrar conforto e propósito emocional.</p><p>Outro ponto relevante está relacionado ao luto. Em situações de perda, o boneco pode ser um objeto de transição, ajudando na elaboração do sofrimento. “A semelhança com um bebê real oferece um foco para o afeto e a saudade, permitindo uma externalização do sentimento”, observa Valéria. No entanto, ela alerta: “É necessário acompanhamento profissional nesses casos, para evitar que a fantasia substitua a realidade da perda e torne o luto mais difícil de ser elaborado”.</p><p>A solidão também aparece como uma motivação recorrente. Em tempos de vínculos frágeis e conexões digitais, o bebê <em>reborn</em> pode representar companhia e estimular interações em comunidades <em>on-line</em>. “Mesmo inanimado, o boneco pode gerar rotina, conversas e uma sensação de pertencimento”, comenta a psicóloga. Em certos contextos, ele também representa controle: “O bebê <em>reborn</em> pode ser aquilo que eu desejo no momento — algo que posso controlar, diferente da imprevisibilidade das relações reais”.</p><p>Sob a ótica da teoria do apego, o boneco pode suprir necessidades de segurança e proximidade emocional. Pessoas com histórico de traumas ou com padrões de apego inseguros podem encontrar nos <em>reborns</em> uma forma de contato afetivo previsível e livre de riscos.</p><p>Contudo, nem sempre a relação é saudável. “Quando o vínculo com o boneco substitui relações humanas significativas ou se torna uma fuga para não lidar com dores emocionais reais, é sinal de que pode haver sofrimento psíquico”, aponta Valéria. Nesses casos, o acompanhamento psicológico é fundamental.</p><p>O debate sobre os bebês <em>reborn</em> convida a uma análise mais ampla sobre os limites entre o simbólico e o real, a fantasia e a necessidade de afeto. “Compreender as motivações por trás desse vínculo é essencial para que possamos olhar para essas experiências com empatia, mas também com responsabilidade clínica”, conclui a psicóloga.</p><p><span></span></p><p><a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/acompanhamento-psicologico/" target="_blank">#acompanhamentoPsicológico</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/apego-emocional/" target="_blank">#apegoEmocional</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/bebes-reborn/" target="_blank">#bebêsReborn</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/bonecas-hiper-realistas/" target="_blank">#bonecasHiperRealistas</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/conforto-simbolico/" target="_blank">#confortoSimbólico</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/controle-emocional/" target="_blank">#controleEmocional</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/empatia/" target="_blank">#empatia</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/estacio/" target="_blank">#Estácio</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/fantasias/" target="_blank">#fantasias</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/instinto-de-cuidado/" target="_blank">#instintoDeCuidado</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/luto/" target="_blank">#luto</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/psicologia/" target="_blank">#psicologia</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/realidade/" target="_blank">#realidade</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/representacao-simbolica/" target="_blank">#representaçãoSimbólica</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/saude-mental/" target="_blank">#saúdeMental</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/simbolismo/" target="_blank">#simbolismo</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/sofrimento-psiquico/" target="_blank">#sofrimentoPsíquico</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/solidao/" target="_blank">#solidão</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/teoria-do-apego/" target="_blank">#teoriaDoApego</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/traumas/" target="_blank">#traumas</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/valeria-figueiredo/" target="_blank">#ValériaFigueiredo</a> <a rel="nofollow noopener" class="hashtag u-tag u-category" href="https://mauricioaraya.com/tag/vinculos-digitais/" target="_blank">#vínculosDigitais</a></p>