"O desenvolvimento tecnológico na Europa é visto com bons olhos até nos EUA. Numa altura em que as o modelo das tecnológicas atinge um de ponto de saturação, a ideia de criar tecnologia que se sujeite a valores pensados à priori, não parta coisas para avançar rapidamente, e não imponha a lei do mais forte, é vista fundamentalmente como um bom serviço aos utilizadores. E que até do ponto de vista do mercado pode ser positiva, ao aumentar a concorrência e obrigar as empresas que agora são monopólios a manter a qualidade dos seus serviços e a evitar o caminho da merdificação, característico dos serviços digitais sem concorrentes.
Mas para um projecto desta envergadura entrar em vigor, é preciso mais do que um relatório — mesmo que este tenha surgido de uma iniciativa multipartidária do Parlamento Europeu. Como mostra o próprio documento, mas também o recente manifesto subscrito por empresas europeias que surge em sequência deste, a transformação proposta implica uma grande convergência de esforços e uma federação das capacidades que já existem nos diferentes pontos da União Europeia. E todos já testemunhámos como a coordenação não é o forte deste bloco político, tão susceptível quanto outros a derivas autoritárias anti-privacidade (como o caso do ChatControl) ou a embarcar em hypes de curto prazo, como em alguns desenvolvimentos de IA. Para além disso, nada se faz sem grandes somas de capital, e nesse aspecto, não é certo que a entrada de investidores privados e de capital de risco, não possa, naturalmente, desvirtuar parte da componente pelo bem comum do projecto, preferindo modelos de desenvolvimento correntes, tendo em vista ao lucro, objectivo último do seu trabalho."
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